terça-feira, 10 de agosto de 2010
A Região de Tombali fica situada no Sul da Guiné-Bissau à 293 km, da capital, Bissau, tem uma superfície de 3.736 km2, com uma população estimada em 102.482 habitantes e faz fronteira a sul com a República da Guiné-Conakry.
Está-se a referir uma região que há tempos era tido como o celeiro nacional, mas devido várias razões Tombali está-se a perder essa fama, devido a fuga da boa parte dos jovens do campo para as cidades e da diminuição da pluviosidade, obrigando os grandes lavradores, com idades avançados, a trocarem a cultura de arroz com a de cajueiros.
Do ponto de vista biológico e turístico, Tombali dispõe de uma enorme importância, a nível da diversidade da fauna e da flora. Tem uma imensa e densa floresta húmidas, onde se pode destacar sobretudo as essências tais como o "pau" miséria (Anisophyllea laurinal mampataz (parinari excelsa) "pau" veludo (dialium guineense) a tagarra (alstonia congensis) a farroba de "Iala" (albizia gummifera) e outras.
A área conta ainda com uma forte presença de florestas do mangal sobretudo a leste e ao sudoeste de Cabedu, palmeiras de óleo de palma em maciços não desbravados, bem como palmeiras de tara, laias ("bas-fonds") de água doce e de água salgada.
Mas devido a falta de estrada para aproximação destas potencialidade aos turistas, tornou-se aquela região numa potencialidade baldia e afastada da lista de prioridades, a nível das regiões da Guiné-Bissau.
A este respeito, o repórter do jornal Nô Pintcha efectuou uma viagem de reconhecimento a região, ao nível do sector agrário, onde mantive uma conversa com o director Regional da Agricultura que na sua opinião a natureza e os próprios camponeses não têm colaborados, nos últimos anos, para a manutenção da fama que a região tinha.
Mamadú Camará lembrou que a Região de Tombali era a grande potencial nacional, em termos da produção do arroz, mas devido a falta de mão de obras e da redução da chuva, que se verificou nos últimos anos, Tombali perdeu bastantemente aquela reputação.
O engenheiro agrónomo afirmou que também os camponeses não colaboram, porque segundo ele, os agricultores não acatam as orientações por eles, em colaboração com os serviços metrológicos dão regularmente.
Em relação à colheita, engenheiro Camará admitiu ser bastante satisfatória, embora referiu que houve momento em que a chuva reduziu bruscamente, num período de 15 dias, provocando alguns danos e alarmes aos camponeses.
Não obstante, referindo-se aos dados estatísticos da Direcção Regional da Agricultura, Mamadú Camará avisa que o presente ano agrícola poderá ser pior do que o ano passado.
Para contornar a tendência, este responsável disse ter aconselhado os agricultores para diversificarem a produção, sobretudo nos finais da chuva, cultivando mandiocas, feijão e batata-doce.
Ele lembrou que a diversificação da produção é uma mais-valia, porque segundo ele, a produção do arroz de mangrofe implica um trabalho muito duro, porque exige a renovação do dique de cintura, caso contrário a água mar pode invadir a cultura. No que concerne à diversificação da cultura, o director regional disse que a sua instituição beneficiou do FAO sementes do feijão, da batata-doce e do arroz de bas-fonds. Por outro lado, assegurou que, devido às razões acima evocadas, a agricultura não pode progredir enquanto não for mecanizada
“Nos últimos anos, há muitos agricultores que abandonaram o cultivo de arroz em relação ao de caju, pensando que a produção de caju será salvação, quando que não”, referiu acrescentando que a diversificação não deve limitar-se na plantação de cajueiro, mas sim a fruticultura também é uma potencialidade para explorar.
Ele disse que a direcção regional não tem técnicos suficientes para cobrir todos os sectores e nem meios para garantir um bom o funcionamento, aliás afirmou que a magra facturação da venda do chabéus é destinada ao pagamento do pessoal contratado.
Em relação aos técnicos, assegurou que graças ao apoio da direcção regionais e sectoriais da Floresta conseguem atingir e representar em locais em que estes serviços actuam.
No que concerne à conservação e exploração do Centro Agrícola de Catió (Granja) conhecido por DAS, Mamadú Camará disse que é do conhecimento de todos os técnicos e responsáveis ligados ao sector da agricultura que a Região e Tombali dispõe de uma instalação incontornável a nível nacional, construído desde 1986.
Para a evitar a rápida degradação o referido património, este responsável informou que decidiram afectar as casas a alguns concidadãos responsáveis que necessitam de alojamento para se cuidarem das casas e conserva-las contra os larápios que já roubaram janelas e portas das casas isoladas.
Ainda sobre o centro, Mamadú Camará disse que a ONG dinamarquês (ADPP) emitiu uma carta para o ministério, solicitando a cedência de duas casas para a criação de um Centro de Formação Profissional Multi-funcional na Região de Tombali, tendo acrescentado que neste âmbito uma delegação chefiada pelo chefe do gabinete do ministro visitou o centro e procedeu ao levantamento do seu estado físico.
Em termo de rodapé, o director regional disse esperar que a Região de Tombali volte aos seus melhores momentos, em que os camponeses vão respeitar com rigor o calendário agrícola e o Governo primará pela mecanização da agricultura como forma de lançar o sector agrário nacional.
A
Bolama em direcção a morte desmerecida
A cidade de Bolama que era uma das referências a nível das metrópoles da Guiné Portuguesa devido a sua emblemática arquitectura, testemunhando assim a presença secular portuguesa no continente africano e na Guiné-Bissau em particular, transformou-se hoje numa das piores cidade do país, justamente por causa da desgovernação que o país sofreu ao longo da independência nacional.
Hoje para quem conhecia Bolama ao chegar no porto pode estranhar-se da tamanha selvajaria em que foi submetida, porque tristemente ela é vista como cidade abandonada a sorte da natureza, não só por não tiver a sorte doutras regiões, como é caso da região de Gabú, Bafatá e Cacheu, mas sim por não constituir preocupação dos partidos políticos.
Facto confirmado nas últimas eleições legislativas, em que nenhum líder político se deslocou aquela ilha para apresentar o seu projecto político para Bolama, região responsável de mais de 30% do Orçamento Geral do Estado, proveniente das pescas.
Contrariamente doutras regiões que sistematicamente beneficiam de grandes projectos dos parceiros do desenvolvimento internacional e do próprio Governo da Guiné-Bissau, em relação ao Arquipélago dos Bijagós, que continuam a flutuar na incerta de um amanhã melhor para os seus filhos.
Como consequência, Bolama vai assistir e sem jeito de estancar a o êxodo desenfreado dos seus nativos em busca da nova esperança, deixando para trás o sonho de que hão de chegar os melhores dias para os bolamenses.
Como isso não bastasse, o próprio estado físico de Bolama sentiu abalado pelo fenómeno forçando as infra-estruturas a transformarem-se em esqueletos, passando a servir de cartão de visita aos hóspedes e turistas que por ali passam, nomeadamente o Grande Hotel, Hospital Regional, Escola Piloto, Imprensa Regional, Comité de Estado, Monumento dos Combatentes da Liberdade da Pátria e a maioria de ruas e avenidas são intransitáveis, devido o capim e buracos que rodeiam a cidade.
No que diz respeito à juventude local, os poucos que ainda se resistem estão sem força para enfrentar os grandes problemas de Bolama, porque na verdade uma gota de água no oceano não significa nada. Apesar de alguns jovens com espírito nacionalista continuam a reclamar sem vitória os seus direitos, através das Associações Juvenis e pequenos agrupamentos sociais. Enquanto que outros a semelhança de muitos que já deixaram o país estão na lista de candidato a emigração, por entenderem que a única solução para eles é abandonar a sua terra natal em direcção ao mundo fora.
Um alto funcionário do Governo local disse que a Guiné-Bissau não pode desenvolver-se enquanto o Governo central não descentralizar a sua política administrativa, através da conclusão do ciclo eleitoral no país.
Lembrou que a região de Bolama podia continuar a servir vista como uma referência que era, porque sempre teve sorte de ter como governadores regional e administradores sectorial seus próprios filhos, mas infelizmente não conseguiram corresponder as expectativas dos bolamenses, em detrimento aos seus interesses pessoais.
“Aqui em Bolama os serviços públicos não funcionam. Não há condições de trabalho e os poucos serviços que resistem o isolamento funcionam nos edifícios improvisados. Um exemplo claro disso é que a nível de Bolama apenas um serviço é que dispõe do computador e mais vergonhoso ainda é que não há pelo menos uma máquina fotocopiadora nesta terra e se alguém precisar de fazer copia do documento tem que deslocar para faze-la em Bissau”, lamentou.
Importa referir que a mais de dez anos que a ligação pontual entre Bolama e Bissau deixou de ser através de um navio, passando ser assegurada pelas pirogas.
quarta-feira, 4 de agosto de 2010
Os oficiais superiores do exército da Guiné-Bissau iniciaram hoje (quarta-feira), em Bissau, uma reunião para se pronunciarem sobre a presença no país de uma força estrangeira desejada pelo governo, soube-se junto do Estado-maior do exército.
A decisão destes oficiais superiores, postos sob a autoridade do chefe de Estado-maior general do exército, o general Antonio Injai, será "submetida ao poder civil para ser seguidamente divulgada à opinião nacional e internacional", indicou à AFP o Estado-maior.
O governo de Bissau aceitou a presença de uma missão estrangeira para estabilizar este país afectado por uma instabilidade política e militar crónica, havia anunciado segunda-feira Soares Sambu, porta-voz do Conselho nacional da Defesa, ligado ao gabinete do presidente da República, Malam Bacaï Sanha.
"Trata-se de uma missão de estabilização e não de uma força como tal. Esta missão será composta de elementos da Comunidade económica dos Estados da África do oeste (CEDEAO), da Comunidade dos países de língua portuguesa (CPLP) e da União Africana (UA) ", precisou Sambu.
Segundo uma fonte próxima da representação da CPLP em Bissau, esta missão estrangeira será sobretudo "dissuasiva" tendo por objectivo "garantir a segurança das autoridades (civis) e parar com os sobressaltos político-militares, bem como desencorajar os golpes de Estado e apoiar as reformas no exército e nas forças de segurança".
Terá igualmente por missão "lutar contra o narcotráfico" que afecta a Guiné-Bissau, tornada nestes últimos anos numa das principais placas rotativas do tráfico de droga na África do oeste, de acordo com esta fonte.
O número de elementos dessa missão assim como o lugar onde será estabelecida na Guiné-Bissau continua ainda desconhecido.
A Guiné-Bissau, ex-colónia portuguesa independente desde 1974, é regularmente atingida por ciclos de violência política e militar nos quais o exército desempenha um papel importante.
O antecessor de Sanha, eleito em Julho de 2009, João Bernardo Vieira, foi assassinado por militares em Abril de 2009.
A 01 Abril de 2010, o general Antonio Indjai havia derrubado o chefe de Estado-maior general do exército, José Zamora Induta, e capturado o primeiro-ministro que havia sido ameaçado de morte.
Brasil entrega ao PAM 90 mil toneladas de alimentos para crianças
Bissau - A embaixada do Brasil na Guiné-Bissau entregou hoje (quarta-feira) ao Programa Alimentar Mundial (PAM) 90 mil toneladas de alimentos para crianças em idade escolar, disse o representante daquele organismo internacional, Pedro Figueiredo.
Segundo Pedro Figueiredo, o donativo, constituído por farinha de milho e soja enriquecida, está orçado em cerca de 100 mil dólares e vai ajudar a alimentar pelo menos 30 mil crianças durante um mês.
"Esta ajuda alimentar servirá como incentivo, para que os pais enviem os filhos à escola (...), sobretudo as raparigas", deverá contribuir também para a diminuição da taxa de abandono escolar, referiu o responsável do PAM, na cerimónia de recepção formal do donativo.
A ajuda brasileira destina-se ao programa Cantina Escolar que o PAM coordena, e que permite ao governo guineense dar alimentos às crianças, motivando-as, desta forma a frequentarem a escola.
Presença de militares estrangeiros é possibilidade a estudar, diz Xanana Gusmão
- 3-Aug-2010 - 11:41
O primeiro-ministro de Timor-Leste, Xanana Gusmão, que é simultaneamente ministro da Defesa, admitiu hoje que militares timorenses possam vir a integrar uma futura força de estabilização na Guiné-Bissau.
“Vamos estudar essas possibilidades. É nosso dever ajudar os países irmãos, mas ainda vamos estudar”, declarou Xanana Gusmão.
Foi com um lacónico “vamos ver”, que o Presidente da República, José Ramos-Horta, comentou a possibilidade de Timor-Leste vir a integrar uma força internacional, salientando que a decisão de a receber cabe às autoridades guineenses.
“É uma prerrogativa do governo soberano da Guiné-Bissau. Se eles desejam uma força das Nações Unidas, espero que a ONU responda que sim”, disse.
O general Matan Ruak, Chefe do Estado Maior das Forças de Defesa de Timor-Leste (FALINTIL-FDTL), questionado pela Lusa, escusou-se a tecer considerações.
“É um problema que não me compete a mim comentar. Os guineenses saberão qual é a melhor forma de resolverem os seus problemas, assim como os timorenses, que têm os seus próprios problemas”, limitou-se a dizer.
As autoridades políticas e militares da Guiné-Bissau concordaram com o princípio da presença de uma força de estabilização, anunciou domingo em Bissau um porta-voz da presidência guineense.
Em declarações à imprensa, à saída de uma reunião do Conselho de Defesa Nacional guineense, presidida pelo Presidente Malam Bacai Sanhá, o porta-voz Soares Sambu afirmou que essa decisão havia sido tomada e que seriam agora iniciadas as formalidades necessárias.
Segundo Soares Sambu, a aceitação da futura força vem na sequência dos apelos nesse sentido feitos à Guiné-Bissau nas recentes cimeiras de chefes de Estado e governo realizadas na cidade de Sal, Cabo Verde, na cimeira da CPLP que se realizou em Luanda, Angola, e as decisões da cimeira da União Africana, q
De acordo com o representante do PAM, esta organização internacional fornece atualmente ajuda alimentar a 122 mil alunos do ensino básico, dispersos por cerca de 800 escolas da Guiné-Bissau.
Além da baixa frequência escolar, sobretudo, nas comunidades rurais guineenses, as crianças tendem a faltar às aulas durante o período da comercialização da castanha de caju (principal produto de exportação do país), na época da campanha agrícola.
Nos últimos anos, e com ajuda do programa Cantina Escolar, o PAM, a Unicef e o governo guineense estão a conseguir reduzir a taxa de insucesso escolar das crianças.
segunda-feira, 2 de agosto de 2010
Bruxelas (Bélgica) - O Conselho da União Europeia (UE) decidiu não renovar o mandato da missão na Guiné-Bissau, que termina no próximo dia 30 de Setembro, foi hoje (segunda-feira) divulgado em Bruxelas, nomeadamente devido à instabilidade política no país.
"A instabilidade política e a falta de respeito pelo primado da lei no país impossibilitam que a UE prolongue a missão, como estava inicialmente previsto, sem comprometer os seus próprios princípios", segundo um comunicado hoje divulgado pelo Conselho.
A UE aponta ainda "a recente nomeação do general António Indjai para a chefia das Forças Armadas como mais um recuo no processo de consolidação democrática e confirma a falta de condições para o envio de uma nova missão" de apoio à reforma do sector da segurança.
No passado dia 06 de Julho, a Alta Representante da UE para os Negócios Estrangeiros pediu, em Bruxelas, a revisão dos acordos entre a UE e a Guiné-Bissau na sequência da nomeação de Indjai.
Catherine Ashton "considera que a actual situação pode constituir uma violação dos compromissos assumidos pela Guiné-Bissau no que diz respeito aos direitos humanos, democracia e Estado de Direito", segundo uma declaração da sua porta-voz.
A responsável pela Política Externa da UE recorda que esses são "elementos essenciais do Acordo de Cotonu" e "pede uma revisão do compromisso global da União Europeia na Guiné-Bissau".
Ashton manifesta a sua "consternação" com a recente nomeação do Major General António Indjai para chefia das Forças Armadas.
Indjai "foi o principal responsável pelo motim de Abril na Guiné-Bissau", segundo a declaração da porta-voz de Catherine Ashton.
Indjai foi o protagonista da intervenção militar de 01 de Abril, que levou à deposição e detenção de Zamora Induta da chefia das Forças Armadas e que continua detido desde então.
A missão da UE na Guiné-Bissau foi criada pela presidência portuguesa da instituição e começou em Junho de 2008, com o objectivo de contribuir para o desenvolvimento de planos da reconstrução e redimensionamento das forças armadas e corpos policiais. Tinha um orçamento de 5,7 milhões de euros.
No domingo, a Guiné-Bissau anunciou a disponibilidade para receber uma força de estabilização no país.
Partido de Kumba Ialá analisa possibilidade de força de estabilização no país
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Bissau - O Partido da Renovação Social (PRS, líder da oposição) do ex- presidente guineense, Kumba Ialá, vai analisar em reunião ainda hoje (segunda-feira) a possibilidade admitida pelas autoridades de aceitar a vinda de uma força de estabilização no país, disse à Lusa fonte oficial do partido.
Segundo o presidente interino do PRS, Ibraima Sory Djaló, os órgãos competentes do partido reúnem ainda hoje para uma análise do anúncio feito no domingo pela presidência guineense e só depois sairá um pronunciamento dos "renovadores".
Na sequência de uma reunião do Conselho de Defesa Nacional da Guiné-Bissau, um porta-voz do Presidente, Malam Bacai Sanhá revelou à imprensa que havia sido tomada entre os dirigentes políticos e militares sobre a aceitação do principio da vinda de uma força de estabilização.
A composição e o mandato da força ainda não foram especificados.
Segundo o conselheiro para as relações externas da presidência, Soares Sambú, essas questões serão discutidas em reuniões que as autoridades guineenses vão iniciar brevemente, em Bissau, com os representantes da União Africana (UA), Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).
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Bissau - O Movimento Nacional da Sociedade congratulou-se hoje (segunda-feira) com a decisão das autoridades do país, que admitiram a possibilidade de uma força de estabilização internacional no país, disse à Lusa o vice-presidente da plataforma que agrupa mais de 100 organizações.
Segundo Mamadu Queitá, também porta-voz do Movimento, a sociedade civil entende que "há muito que o país estava a precisar de uma força internacional", uma vez que "ficou provado que as autoridades legítimas não têm condições de controlar as Forças Armadas" guineenses.
"É uma decisão bem-vinda", defendeu Mamadu Queitá, frisando que "os vários episódios ocorridos no país já justificavam a vinda de uma força", para ajudar as autoridades a controlar as forças de Defesa e Segurança.
"É notória a desorganização do aparelho do Estado e a insubordinação das forças de defesa e segurança ao poder civil. Aconteceram vários casos que ficaram sem esclarecimento. A aceitação de uma força internacional é um passo importante que vai ajudar na estabilização efectiva do país", considerou Mamadu Queitá.
Para este activista da sociedade civil, com a vinda dessa força, cujos contornos ainda se desconhecem, a Guiné-Bissau terá as condições necessárias para arrancar com o programa de reforma do seu sector de defesa e segurança.
"Esse programa é imprescindível para o futuro do país. Com ou sem o apoio da comunidade internacional as nossas autoridades deviam levar avante a reforma", defendeu o porta-voz das organizações da sociedade civil.
Mamadu Queitá entende também que a vinda de uma força de estabilização dará garantias aos cidadãos e protecção aos titulares de órgãos de soberania.
quarta-feira, 28 de julho de 2010
Justiça: Governo português assina protocolos de cooperação bilateral com Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe
portugal assinou hoje, em Maputo, dois protocolos de cooperação bilateral para 2010 com a Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe, no valor de um milhão de euros, com vista a apoiar os dois países na "reforma da justiça".
A assinatura dos documentos insere-se no âmbito da XII Conferência dos Ministros de Justiça, que este ano se realiza em Moçambique, com a presença dos ministros da Justiça dos países membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
O Ministério da Justiça português, em parceria com o Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento (IPAD), celebrou os protocolos que manifestam "uma disponibilidade para apoiar nos mais diversos domínios [da justiça], em função das necessidades dos países", explicou o ministro da Justiça português, Alberto Martins, no final da cerimónia.
Guiné-Bissau: Governo suspende missões ao estrangeiro e compra de viaturas - PM Carlos Gomes Júnior
O primeiro ministro da Guiné-Bissau, Carlos Gomes Júnior, mandou suspender as missões ao estrangeiro de membros do Governo, compra de viaturas e de mobiliário como medidas de contenção da despesa pública.
Em declarações à Agencia Lusa e à RDP-Africa, Carlos Gomes Júnior disse ter tomado essa decisão em virtude da crise financeira que assola o mundo, mas também como forma de moralizar o exercício governativo.
"Dada a crise financeira a que se assiste no mercado mundial, se os nossos parceiros estão a fazer contenção, a Guiné-Bissau também não pode ficar alheia e indiferente a essas medidas", defendeu Gomes Júnior.
CPLP: José Eduardo dos Santos não exclui nenhuma hipótese para resolver problema da Guiné-Bissau
O Presidente angolano e da CPLP afirmou hoje em Luanda que a comunidade lusófona não vai intervir na Guiné-Bissau em nada que não seja por vontade das autoridades guineenses, mas deixou margem no seu discurso para um "esforço de natureza militar.
Em conferência de imprensa após o encerramento da VIII Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), José Eduardo dos Santos realçou que a primeira aposta é no diálogo "construtivo e dinâmico" para restaurar a confiança entre os diversos atores da Guiné-Bissau
"A CPLP enquanto comunidade e instituição não fará nada que não seja solicitado pelas autoridades competentes da Guiné-Bissau. Referimos muito bem que os esforços vão-se basear no diálogo construtivo e dinâmico que restaure a confiança entre os setores políticos e entre os sectores políticos e os setores das forças armadas", disse.
Guiné-Bissau: Chefe dos militares diz que situação de Zamora Induta será decidida na justiça
O Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas da Guiné-Bissau, António Indjai, afirmou hoje que também está interessado no esclarecimento da situação do seu antecessor, Zamora Induta, mas a decisão da sua libertação ou não será da justiça.
Esta posição do tenente-general António Indjai foi transmitida aos jornalistas pelo vice-presidente e porta-voz do Movimento da Sociedade Civil a saída de uma audiência que mantiveram hoje com o chefe das Forças Armadas guineenses.
"O chefe do Estado-Maior (das Forças Armadas) garantiu-nos que a situação está a nível da justiça, mas que também ele pretende ver esta situação esclarecida o mais breve possível", afirmou Mamadu Queitá.
O Presidente guineense negou que o Conselho de Segurança da ONU tenha exigido a libertação imediata do ex-chefe das Forças Armadas Zamora Induta, mas admitiu que aquele órgão recomenda a libertação de todos os detidos nas crises dos últimos anos.
Em declarações à imprensa à sua chegada à Guiné-Bissau, de regresso das cimeiras da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e da União Africana, Malam Bacai Sanhá afirmou que no documento que tem na sua posse em nenhum momento o Conselho de Segurança exigiu a libertação de Zamora Induta e acusou os jornalistas de deturparem a informação.
"Vocês, os jornalistas, deviam ajudar o país, o relatório que nós temos não diz libertação imediata de ninguém", disse o chefe de Estado guineense.
Malam Bacai Sanhá admitiu, contudo, que o relatório recomenda a libertação de todos os detidos de várias situações de crises vividas no país nos últimos anos ou a sua presença na justiça, o que para o Presidente guineense não é a mesma coisa que a imprensa diz.
"Pediram a libertação de todos os detidos, não é só os do caso 01 de Abril, também falaram dos detidos do caso 02 de Março e estes até têm lá um general e uma senhora que estão detidos há muito tempo", afirmou Bacai Sanhá, referindo-se às pessoas detidos na sequência dos assassínios do Presidente "Nino" Vieira e do ex-chefe das Forças Armadas, Tagmé Na Waié.
O Conselho de Segurança das Nações Unidas apelou na passada sexta feira ao Governo da Guiné-Bissau para que o ex-chefe de Estado-maior das Forças Armadas detido em Abril, Zamora Induta, seja "imediatamente" libertado ou entregue à Justiça.
O apelo consta de uma declaração da presidência nigeriana do Conselho de Segurança, que é omissa quanto a António Indjai, apelando apenas "às forças de segurança, em particular aos militares, para que honrem os seus compromissos de obediência ao controlo civil".
Sobre a sua decisão em relação aos detidos, o chefe de Estado guineense voltou a sublinhar que não lhe compete decidir o que quer que seja, cabendo a última palavra aos órgãos judiciais do país.
Bacai Sanhá considerou que a comunidade internacional já começou a compreender os motivos pelos quais as autoridades de Bissau nomearam o general António Indjai para a chefia das Forças Armadas.
De acordo com o Presidente guineense, prova disso, é a visita ao país em breve do presidente da comissão da União Africana, Jean Ping, e de outros responsáveis internacionais.
Para o Presidente guineense, a situação da Guiné-Bissau "não é a mais grave em África", por isso, sublinhou, vários países e organizações manifestaram a sua disponibilidade de "não virar as coisas ao país".
Instado a comentar o teor da sua conversa com o seu homólogo angolano à margem da cimeira da UA, em Campala, Uganda, o Presidente guineense disse que não se encontrou apenas com José Eduardo dos Santos, mas sim com diversos chefes de Estado.