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terça-feira, 10 de agosto de 2010

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Bolama em direcção a morte desmerecida

A cidade de Bolama que era uma das referências a nível das metrópoles da Guiné Portuguesa devido a sua emblemática arquitectura, testemunhando assim a presença secular portuguesa no continente africano e na Guiné-Bissau em particular, transformou-se hoje numa das piores cidade do país, justamente por causa da desgovernação que o país sofreu ao longo da independência nacional.

Hoje para quem conhecia Bolama ao chegar no porto pode estranhar-se da tamanha selvajaria em que foi submetida, porque tristemente ela é vista como cidade abandonada a sorte da natureza, não só por não tiver a sorte doutras regiões, como é caso da região de Gabú, Bafatá e Cacheu, mas sim por não constituir preocupação dos partidos políticos.

Facto confirmado nas últimas eleições legislativas, em que nenhum líder político se deslocou aquela ilha para apresentar o seu projecto político para Bolama, região responsável de mais de 30% do Orçamento Geral do Estado, proveniente das pescas.

Contrariamente doutras regiões que sistematicamente beneficiam de grandes projectos dos parceiros do desenvolvimento internacional e do próprio Governo da Guiné-Bissau, em relação ao Arquipélago dos Bijagós, que continuam a flutuar na incerta de um amanhã melhor para os seus filhos.

Como consequência, Bolama vai assistir e sem jeito de estancar a o êxodo desenfreado dos seus nativos em busca da nova esperança, deixando para trás o sonho de que hão de chegar os melhores dias para os bolamenses.

Como isso não bastasse, o próprio estado físico de Bolama sentiu abalado pelo fenómeno forçando as infra-estruturas a transformarem-se em esqueletos, passando a servir de cartão de visita aos hóspedes e turistas que por ali passam, nomeadamente o Grande Hotel, Hospital Regional, Escola Piloto, Imprensa Regional, Comité de Estado, Monumento dos Combatentes da Liberdade da Pátria e a maioria de ruas e avenidas são intransitáveis, devido o capim e buracos que rodeiam a cidade.

No que diz respeito à juventude local, os poucos que ainda se resistem estão sem força para enfrentar os grandes problemas de Bolama, porque na verdade uma gota de água no oceano não significa nada. Apesar de alguns jovens com espírito nacionalista continuam a reclamar sem vitória os seus direitos, através das Associações Juvenis e pequenos agrupamentos sociais. Enquanto que outros a semelhança de muitos que já deixaram o país estão na lista de candidato a emigração, por entenderem que a única solução para eles é abandonar a sua terra natal em direcção ao mundo fora.

Um alto funcionário do Governo local disse que a Guiné-Bissau não pode desenvolver-se enquanto o Governo central não descentralizar a sua política administrativa, através da conclusão do ciclo eleitoral no país.

Lembrou que a região de Bolama podia continuar a servir vista como uma referência que era, porque sempre teve sorte de ter como governadores regional e administradores sectorial seus próprios filhos, mas infelizmente não conseguiram corresponder as expectativas dos bolamenses, em detrimento aos seus interesses pessoais.

“Aqui em Bolama os serviços públicos não funcionam. Não há condições de trabalho e os poucos serviços que resistem o isolamento funcionam nos edifícios improvisados. Um exemplo claro disso é que a nível de Bolama apenas um serviço é que dispõe do computador e mais vergonhoso ainda é que não há pelo menos uma máquina fotocopiadora nesta terra e se alguém precisar de fazer copia do documento tem que deslocar para faze-la em Bissau”, lamentou.

Importa referir que a mais de dez anos que a ligação pontual entre Bolama e Bissau deixou de ser através de um navio, passando ser assegurada pelas pirogas.

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