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sexta-feira, 2 de julho de 2010

02-07-2010 8:56

Guiné-Bissau/Cedeao
"Infelizmente, Sanhá nomeou o irresponsável Indjai"


Santa Maria, (Cabo Verde - O presidente da Comissão da CEDEAO lamentou quinta-feira a "surpresa" da nomeação de António Indjai como CEMGFA da Guiné-Bissau, garantindo que a organização sub-regional "não a aceita e não a aprova".


"De qualquer forma, o presidente (da Guiné-Bissau, Malam Bacai) Sanhá vem à Cimeira (da CEDEAO, sexta-feira (hoje) na ilha cabo-verdiana do Sal) e vamos falar sobre isso", disse James Victor Gbeha, salientando a "irresponsabilidade" da decisão.


"O processo estava a correr bem, mas, infelizmente, Sanhá nomeou o irresponsável Indjai, o mesmo que criou aquela situação de Abril (a 01 desse mês), como CEMGFA (Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas). É algo que não aceitamos nem aprovamos", frisou.


Gbeha, diplomata de carreira e há três meses no cargo - substituiu o seu compatriota Mohamed Ibn Chambas, actualmente à frente do Grupo ACP (África, Caraíbas e Pacífico) -, respondeu a uma questão da Agência Lusa, para comentar os recentes desenvolvimentos na Guiné-Bissau, à luz da nomeação de Indjai.


O antigo embaixador do Ghana em Washington, que falou numa conferência de imprensa conjunta com o Primeiro-ministro de Cabo Verde, José Maria Neves, nada adiantou sobre o envolvimento declarado dos militares guineenses no narcotráfico, optando por justificar apenas as razões das sucessivas crises na Guiné-Bissau.


"Durante muitos anos, os militares foram negligenciados pelos políticos. Grande parte do exército é iletrado e já tem mais de 60 anos. Daí defendermos a reforma do setor da defesa e segurança, que passa por dar condições dignas para a reforma dos mais velhos", defendeu.

Gbeho respondeu "não", quando a Lusa o questionou sobre se a CEDEAO estaria a encarar a possibilidade de, à semelhança da Guiné-Conakry e do Níger, suspender a Guiné-Bissau da CEDEAO, dadas as sucessivas crises que se têm registado no passado, sendo exemplo mais recente a sublevação de 01 de Abril.

"Tecnicamente, para nós, o que se passou a 01 de Abril não foi um golpe de Estado. O Governo mantém-se em funções, o presidente também e há ainda o parlamento, todos em funções. Por isso, não, não está encarada essa possibilidade", respondeu.

Sobre a situação na Guiné-Conakry, onde se realizaram domingo, pela primeira vez, eleições presidenciais, Gbeho, que foi observador eleitoral, admitiu que, se tudo correr conforme o que está calendarizado, o país poderá regressar, até ao final deste ano, à organização oeste-africana.

Quanto ao Níger, tal como a Guiné-Conakry alvo de um golpe de Estado, Gbeho lembrou que o país terá eleições presidenciais em março de 2011, pelo que, só depois da votação, a CEDEAO poderá aceitá-lo de volta.

Em relação à Cimeira, marcada para sexta feira, o presidente da Comissão da CEDEAO limitou-se a salientar a importância do encontro para o futuro da comunidade e a elogiar Cabo Verde pela organização, cometendo, porém, uma "gaffe".

Durante a parte elogiosa do discurso, que durou cerca de cinco minutos, Gbeho disse que Cabo Verde "trará mais força" à CEDEAO, esquecendo que o arquipélago já integra a organização desde 1977, o que deixou incrédulos os jornalistas e levou o Primeiro-ministro cabo-verdiano a abrir a boca de espanto.

Em relação à cimeira de sábado com o Brasil, Gbeho disse que "há razões históricas" a ligar à África, pelo que a criação de parcerias económicas entre os dois mercados, cada um de cerca de 200 milhões de habitantes", potencia o desenvolvimento regional, ao mesmo tempo que elogiou Lula da Silva, presidente do Brasil, pela aposta em África.




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